Projeto de Arquitetura Elaborado no TFG
TFG
Centro
gastronômicopaula souza
Comida e Cultura Paulistana
Dada a realização do Plano Urbano Revive Tamanduateí - Setor Várzea do Carmo, diversos projetos indutores foram pensados com o intuito de fomentar o desenvolvimento do bairro do Brás, localizado na região central marcando o início da zona leste de São Paulo. Através da leitura do espaço a partir de sua história, foram propostas ações pontuais visando o desenvolvimento endógeno de cada micro região e do território estudado como um todo.
Uma das temáticas propostas foi o fortalecimento do eixo gastronômico - valor imaterial detectado e consolidado no levantamento e no projeto urbano - localizado próximo ao Mercadão e aos arredores do Pátio do Pari e de sua Zona Cerealista. Além de historicamente ter tido muito influência da cozinha italiana devido ao recebimento de grandes fluxos imigratórios ao longo do tempo, guardando consigo a memória de sua cultura alimentar e dos seus espaços destinados a alimentação, a área tem vocação para tal atividade.
O projeto indutor tratado neste trabalho é um Centro Gastronômico, localizado no terreno e no edifício que outrora abrigava a antiga Subestação de Energia Paula Souza da extinta companhia de luz Light Power, que além de abordar a preservação do arcabouço construído abrange manutenção e a promoção dos valores imateriais encontrados no território, nesse caso evidenciados na gastronomia paulistana.
Sua localização, dentro do Plano Urbano, se dá em meio ao Parque Urbano proposto, o Parque do Pari, que através de transposições liga o setor norte (Pari) com o setor sul (Brás) e fortalece a ligação da ferrovia com o bairro - esta que é vista como uma barreira no território. O parque também faz conexão entre os projetos do Centro Gastronômico, o Centro Cívico Comunitário e o Arquivo Público do Brás, que formam a centralidade de valorização da cultura e da história do Brás.
Como Trabalho Final de Graduação (TFG) este projeto tem o intuito de explorar a gastronomia na cidade de São Paulo e mais especificamente no bairro do Brás, além de buscar entender a formação da identidade de um povo, a partir de seus hábitos e costumes alimentares, que são de suma importância para/com a valorização e preservação do território e suas imaterialidades, introduzir o Centro Gastronômico nesta região de forma que, abrangendo todos estes aspectos, seja realmente um marco da identidade paulistana.
A partir da análise do território e seu contexto histórico, o projeto visa a recuperação do conjunto da estação na sua totalidade, aproveitando o arcabouço preexistente e fundamentado na teria brandiana para o restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, entendida a partir da imagem figurada e da memória dos espaços de alimentação, também responsáveis pelo desenvolvimento da região tanto no âmbito industrial quanto alimentícios e sua relação direta com o rio Tamanduateí e sua várzea, além do fortalecimento do eixo gastronômico com a ligação direta com o Mercadão.
O Centro Gastronômico Paula Souza reforça a ideia do grande complexo a partir do momento em que contempla a gastronomia na sua totalidade, tanto educacional, quanto prática, revelando a memória e a formação de identidade.
A Escola de Gastronomia, localizada no edifício contemporâneo proposto, onde a relação direta entre a educação e a prática, está inserido dentro do corpo da escola: o restaurante-escola, lugar em que os alunos exercitam todos os ensinamentos trazidos nas salas de aula e contemplam da dinâmica da cozinha de um restaurante, uma cozinha industrial, em que o espaço é totalmente diferente da cozinha pedagógica. São oferecidos cursos tanto de longa duração (bacharelado), quanto de curta duração.
O edifício da antiga Subestação Paula Souza é entendido como um centro de referência e valorização da cultura culinária. No corpo principal da antiga subestação estão os boxes, que visam remontar todo o histórico da gastronomia em São Paulo em diferentes períodos da história, em que cada box traz novos sabores e ingredientes relativos à cada época, readaptados ao estilo contemporâneo de cozinha, visto que esse também é um dos principais intuitos desta nova culinária do século XXI.
No edifício anexo ao corpo principal da subestação, datado de 1920, se encontra o auditório, que atende todo o Centro Gastronômico, trazendo palestras de diversos temas que contemplam a gastronomia como um todo, sua localização fora do corpo da escola reforça o entendimento do local como um grande centro, em que os usos não estão isolados, sendo então complementares, reunindo pessoas em torno de um núcleo em busca de um assunto comum: a gastronomia.