A região da Várzea do Carmo, na cidade de São Paulo, é um importante território, desde início da Vila de São Paulo de Piratininga no alto da colina, contíguo com o Pátio do Colégio dos Jesuítas e o “Triangulo de Formação”, que tem seus vértices apoiadas nos mosteiros de São Bento, do Carmo e São Francisco. 
       Notável região plana e alagadiça do Rio Tamantuadeí (afluente do Rio Tietê), onde se encontrava a porta de entrada do povoado, através das embarcações que traziam habitantes e suprimentos para a Vila. Posteriormente, sua topografia favoreceu a implantação de elementos estruturadores como a ferrovia e possibilitou o desenvolvimento industrial no território, cuja marca é presente em todos os elementos da região até os dias atuais.  Uma região de miasma em constante transformações e ações do poder público, geraram um território esfacelado e com diversas patologias urbanas e sociais, mas conservou um enorme arcabouço arquitetônico fabril e inúmeras tradições (costumes e saberes) que podem ser considerados patrimônio tanto material quanto imaterial. 
     O entendimento deste território se dá através da divisão do tempo e das ações que modificaram e constituíram esse arcabouço construído preexistente. Neste sentido, para a leitura do mesmo, entende-se que a relação entre Arquitetura, Restauro e Urbanismo deve ser compreendido como atividade única, e não segmentado, ou seja, os conceitos do campo disciplinar autônomo do restauro [arquitetônico e urbano] e da requalificação urbana foram aplicados com o objetivo da sua inserção na contemporaneidade.
    O Trabalho Final de Graduação (TFG) é dividido em dois semestres: a primeira etapa – 1.o semestre – é desenvolvida pela equipe sob orientação da Profa. Dra. Ana Paula Farah. A escolha da área é livre e feita pelo grupo de estudantes para elaboração do Plano Urbano; as etapas a serem desenvolvidas são: análise de território urbano, identificação dos problemas e possibilidades presentes na área e decorre para diretrizes norteadoras, objetivando proposição de intervenção urbanística, arquitetônica e paisagística integradas; [...] fundamentada na análise, no âmbito, da qual estejam definidos os recortes, as problemáticas e as temáticas a serem trabalhadas e desenvolvidas individualmente; consolidação e desenvolvimento da proposta urbanística, arquitetônica e paisagística e dos temas e proposições individuais nela contextualizados (Plano de Ensino/TFG). Após essa etapa, serão apresentados os projetos indutores que serão desenvolvidos por cada estudante no semestre conseguinte. 
        A partir desta lógica, o TFG é um elemento capaz de fomentar discussões referente ações a serem tomadas neste território, visando sua preservação, identidade e sua requalificação, entendendo os extratos do tempo e propondo o espaço para o presente e fornecendo subsídios para a cidade no futuro. O presente trabalho aborda a questão do campo disciplinar do restauro [arquitetônico e urbano], no qual patrimônio e planejamento urbano estão correlatos, com um olhar criterioso à questão social e histórica do território, principalmente no que tange, ao patrimônio imaterial, rico e pouco preservado.
     Teoria (questões teóricas e críticas) e Projeto (proposição dos espaços) estão sendo pensando numa única direção, em que os instrumentos teóricos nortearam as soluções projetuais, resultando em um desenho urbano sensível as questões pertinentes ao território e estabelecendo um desenvolvendo endógeno ao espaço, pautado em ações a serem paulatinamente executadas para que se possa permanecer com qualidade no bairro do Brás.